O processo inflamatório crônico na pele causa desconforto e pode mexer até com a autoestima.
Por Cássio Rafael Moreira, dermatologista
A dermatite atópica é uma alergia muito comum em crianças e adultos. A doença provoca lesões avermelhadas na pele e muita coceira.
A palavra atópica está relacionada a predisposição genética em manifestar reações alérgicas. Uma pessoa com dermatite atópica também pode ter rinite, bronquite e asma.
Sendo um problema genético, a dermatite atópica não é contagiosa, mas os pacientes podem sofrer preconceito. A falta de informação sobre a doença causa estranhamento e receio nas outras pessoas, atrapalhando experiências na infância e na vida adulta.
Na maioria dos adultos as lesões são mais frequentes nas dobras dos braços e atrás dos joelhos, mas podem ocorrer em outras partes do corpo. Em crianças aparecem inclusive no rosto e couro cabeludo.
Esse processo inflamatório crônico não tem cura. Os objetivos dos tratamentos são controlar a coceira, reduzir a inflamação na pele e evitar as crises mais fortes.
Além de usar os medicamentos prescritos pelo dermatologista, quem tem dermatite atópica precisa se habituar a cuidar muito bem da proteção da pele.
Alerto que a automedicação é extremamente prejudicial, pode piorar a doença. Com orientação e acompanhamento do médico dermatologista o paciente terá o tratamento eficaz.
As pessoas com dermatite atópica apresentam lesões com características bem definidas, como pele ressecada, descamação, vermelhidão, bolhas e prurido (coceira).
As feridas aparecem em várias partes do corpo, normalmente em locais onde transpiramos mais.
É comum perceber infecção na pele porque ao usar as unhas para coçar as lesões, muitas vezes a pessoa acaba se contaminando.
A bactéria Staphylococcus Aureus é frequentemente detectada nos pacientes.
O intervalo entre as crises que provocam o aparecimento dos eczemas (feridas) varia muito, pode ser longo, com duração até de anos. Depende do estado físico e emocional do paciente, e da exposição a fatores que desencadeiam alergia.
O diagnóstico da dermatite atópica é feito por meio do exame clínico no consultório do dermatologista. O médico observa os eczemas para confirmar as características típicas da alergia.
Informar sobre outras alergias do paciente ou em pessoas da família é importante para o diagnóstico.
Se persistir alguma dúvida, o médico poderá coletar material e enviar para análise em laboratório.
Não há ainda conclusões precisas das causas da dermatite atópica, mas sabemos que ela está relacionada a herança genética. Entretanto, alguns fatores funcionam como gatilhos para essa alergia. É preciso saber identificar e evitar o contato. Entre os mais comuns temos:
• Exposição a aromas ou corantes em produtos de higiene pessoal, como sabonetes, ou produtos de limpeza
• Alguns alimentos como leite, ovo, trigo, amendoim, frutos do mar, peixes em geral, castanhas e soja.
• Alergia a pólen, mofo, ácaros ou pelo de animais
• Roupas confeccionadas com tecido sintético ou lã
• Fatores climáticos como baixa umidade do ar, muito calor ou muito frio
• Estresse
Existem medicamentos que aliviam bastante a coceira e ajudam a cicatrizar as lesões da dermatite atópica. Dependendo do caso o médico pode combinar o uso de pomadas e medicação via oral. Os quadros mais graves exigem um tratamento mais complexo.
Os anti-inflamatórios geralmente prescritos são compostos à base de corticoides e esteroides, por isso devem ser administrados com cautela para minimizar possíveis efeitos colaterais e até a ineficácia por mau uso.
Também é importante dizer que alguns dos remédios recomendados no controle da dermatite atópica causam sonolência e podem atrapalhar a rotina do paciente. O médico saberá indicar a solução mais adequada para cada caso.
Para proteger a pele dos efeitos da dermatite atópica, o paciente também é orientado a usar sabonetes apropriados e hidratar a pele várias vezes ao dia.
Evitar contato com substâncias que podem desencadear as crises é fundamental.
Banhos quentes ressecam ainda mais a pele, o melhor é sempre água morna ou até duchas frias.
Usar apenas roupas de fibras naturais, como o algodão, é outra medida muito bem-vinda.
Entenda o que provoca as crises e as formas de tratar.
Por Helena Abelha Stremlow, pediatra e alergista
A dermatite atópica é uma doença inflamatória não contagiosa e crônica. Surge, na maioria dos casos, logo no primeiros ano de vida. Pessoas com dermatite atópica possuem a pele mais seca e sensível a substâncias irritantes.
As crises provocam lesões avermelhadas pelo corpo e coceira intensa. A inflamação aparece e desaparece em fases sucessivas.
Nos bebês as áreas inflamadas são mais frequentes no rosto, pescoço e couro cabeludo. Nas crianças maiores aparecem geralmente nas dobras dos joelhos e cotovelos.
Quanto mais a criança coça as lesões, mais a pele fica irritada, a coceira não passa e o risco de infecções aumenta
. A doença pode prejudicar o sono, o humor, o desempenho na escola e, com o passar do tempo, até a autoestima porque pode causar preconceito.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, 20% das crianças têm dermatite atópica e 5% desenvolvem a forma mais grave da doença.
Consultar o médico especialista (pediatra e alergista) para receber orientação é fundamental para o bem-estar da criança.
Apesar de crônica, a dermatite atópica tem tratamento e na grande maioria dos casos pode ser controlada.
A origem é genética, está em falhas do sistema imunológico que tornam a pele mais seca e sensível, mas diversos fatores externos podem desencadear o processo inflamatório.
• Estresse
• Poluição ambiental
• Mudança de temperatura
• Banhos longos com água quente
• Lã
• Tecidos sintéticos
• Perfume
• Suor
• Alimentos (especialmente trigo, ovo e leite)
• Ácaros
• Fungos
• Animais
O diagnóstico da dermatite atópica é clínico e pode ser amparado por testes de alergia como o Prick test.
O médico provoca o contado da pele do paciente com substâncias irritantes por alguns segundos para identificar fatores desencadeantes do problema.
O tratamento depende da gravidade dos sintomas. O especialista avalia a necessidade do uso de medicamentos anti-histamínicos via oral ou pomadas de corticoide caso a caso.
É preciso alertar que a administração desses produtos deve ser cautelosa para evitar efeitos colaterais indesejados, por isso sempre sob orientação médica.
A hidratação constante é a melhor maneira de diminuir as crises inflamatórias.
Nas fases de crise, a pele perde a capacidade de reter água, fica extremamente ressecada e espessa.
O uso do creme hidratante deve ser um cuidado diário para a proteção de crianças com dermatite atópica.
Quanto mais hidratada a pele, maior a resistência às substâncias irritantes e menor a chance de surgirem lesões e o incômodo da coceira.
Para manter a pele hidratada o banho deve ser rápido, com água morna, sabonete líquido e neutro, sem usar bucha ou esponja.
Enxugue com toalhas macias e até fraldas de pano no caso dos bebês, evitando agredir ainda mais as áreas lesionadas. O creme hidratante recomendado pelo médico deve ser aplicado logo em seguida.
Cuidados com as roupas
É muito importante que as roupas de pacientes com dermatite atópica sejam de malha de algodão, que permitem uma transpiração melhor.
Prefira modelagens mais folgadas.
Retire as etiquetas das roupas e lave as novas antes de usar. A lavagem deve ser feita com sabonete líquido, sem o uso de amaciantes e com duplo enxague.
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