Saiba mais sobre os riscos do uso de emagrecedores sem prescrição médica.
Por Moacir Godoy, endocrinologista
A obesidade é um problema de saúde pública mundial. É urgente combater a doença, começando pelas crianças e adolescentes.
A cada 10 brasileiros, 6 estão obesos ou com sobrepeso de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Mas quem decide emagrecer contando apenas com o uso de medicamentos não tem bons resultados e se coloca em grande risco.
O Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial de consumo de medicamentos para emagrecer.
O pior é que muitos consumidores, em busca de um caminho mais fácil, se automedicam comprando produtos que nem foram aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que, portanto, não temos certeza de origem ou eficácia.
Outros tomam fórmulas manipuladas que combinam medicamentos e hormônios, sem ter noção das consequências possíveis.
O uso de inibidores de apetite, remédios que causam sensação de saciedade ou ajudam a eliminar a gordura dos alimentos deve ser considerado com cautela e só pode ser prescrito pelo médico endocrinologista.
Não acredite em receitas milagrosas e geralmente oferecidas por quem não é especialista e não está preocupado com a sua saúde.
Há diversos efeitos colaterais importantes relacionados à emagrecedores.
Eles podem causar alteração nos batimentos cardíacos, irritabilidade, sensação de desmaio, entre outros sintomas indesejados.
O usuário pode desenvolver dependência química e além de todos os riscos, o emagrecimento não é duradouro, a pessoa volta a engordar rapidamente.
Na verdade, no Brasil, há poucos medicamentos aprovados pelo Ministério da Saúde para ajudar no combate da obesidade.
Entre eles estão o orlistat, a sibutramina, a fluoxetina e o saxenda.
Mas mesmo o uso de medicamentos aprovados não dispensa orientação médica.
A sibutramina, por exemplo, é capaz de inibir a recaptação de serotonina, prolongando a sensação de saciedade e ajudando a pessoa a comer menos, mas também pode aumentar os batimentos cardíacos e a pressão arterial.
Ou seja, emagrecedores só devem ser prescritos pelo endocrinologista em casos específicos, a partir de uma avaliação da condição geral de saúde do paciente.
Quando uma pessoa decide emagrecer, deve compreender que está iniciando um processo.
Primeiro o endocrinologista vai investigar se há alguma doença relacionada ao ganho de peso e avaliar a condição de saúde geral.
Após o exame clínico e análise de exames laboratoriais, dependendo do grau de obesidade associado a outros problemas de saúde, o médico decide se é necessário o uso de medicação.
Simultaneamente, o nutricionista vai avaliar o impacto dos alimentos no organismo e orientar mudanças na dieta.
Mas qualquer que seja o motivo da obesidade ou sobrepeso, o paciente terá que adotar hábitos saudáveis, com refeições equilibradas e exercícios físicos regulares se quiser ter resultado.
O paciente é acompanhado durante toda a jornada de emagrecimento, sendo submetido a exames periódicos para avaliar os progressos e necessidades de ajustes.
Aceite que tomar um remédio não quer dizer que você não vai precisar mudar de hábitos.
Escolha o emagrecimento saudável e não drogas sem procedência que podem custar sua vida.
Você pode saber se um medicamento tem registro no Brasil consultando o site da Anvisa.
Marque uma consulta com um endocrinologista para avaliar o seu caso.