A dor causada pelo deslocamento de pedras nos rins é terrível.
Em alguns casos é preciso fazer cirurgia para retirar os cálculos renais.
Publicado em dezembro de 2021.
Quem toma pouca água aumenta o risco de desenvolver pedras nos rins.
Ter pedras nos rins (cálculos renais) é um problema comum que pode trazer consequências sérias quando não tratamos adequadamente.
As causas estão associadas a diversos fatores como hereditariedade, urinar pouco, ter desequilíbrios metabólicos ou alterações anatômicas.
É possível que a pessoa demore a perceber a presença de pedras nos rins até que elas se desloquem e provoquem a temida cólica renal.
As dores nas costas são intensas, irradiam para o abdômen e provocam náusea.
Expelir o cálculo renal é algo que pode acontecer naturalmente, dependendo do tamanho e localização.
Mas, em muitos casos, é necessário tratamento médico, inclusive intervenção cirúrgica.
Por isso, quem descobre que possui pedras nos rins ou na vesícula deve fazer acompanhamento com especialista para evitar complicações graves.
Cuidar da alimentação e beber muita água é o melhor remédio para quem quer se prevenir.
Saiba mais sobre pedras nos rins na entrevista com Raquel Ferreira Nassar Frange, nefrologista (médica especializada no diagnóstico e tratamento das doenças do sistema urinário), da QualiMedi Saúde.
Entrevista: Raquel Ferreira Nassar Frange, nefrologista.
O que é o cálculo renal?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Litíase renal ou cálculo renal são os termos médicos para designar as famosas pedras nos rins.
Por que a composição do cálculo varia?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Os cálculos são formados a partir do excesso ou redução de determinado componente no sangue e na urina.
Os principais cálculos são os de cálcio, mas também podemos ter de ácido úrico, cistina, estruvita.
Quais são as causas mais comuns de cálculos renais?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - A composição do cálculo indica as principais causas do problema.
Começando pelo cálculo mais comum, que é o de cálcio.
As principais causas são: hipercalciúria (excesso de cálcio na urina); hiperuricosúria (aumento de ácido úrico na urina); hipocitratúria (diminuição da excreção de citrato na urina); hiperoxalúria (aumento da excreção urinária de oxalato) e ainda em razão de baixo volume de urina.
Por que ocorre esse desequilíbrio que provoca as pedras nos rins?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange – Um conjunto de fatores contribui para o desequilíbrio que leva à formação das pedras.
Ter uma dieta alimentar com excesso de proteína animal, muito sódio (sal, refrigerantes, produtos industrializados). Beber pouca água e não praticar exercícios são comportamentos de risco.
Mas o problema também pode ser consequência de distúrbios metabólicos, alterações anatômicas, herança genética, entre outros.
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange – Os cálculos podem se formar fora dos rins, como por exemplo os cálculos de via biliar.
As famosas pedras na vesícula.
O que provoca o deslocamento dos cálculos renais e qual é a localização mais frequente?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Os cálculos podem estar presentes por toda a via urinária, desde o rim até a uretra.
O mais comum é estarem dentro dos rins.
O deslocamento dos cálculos dos rins é o que costuma causar a dor da cólica renal, a causa desse deslocamento não são claras.
Dizem que pior que dor de parto, só cólica renal.
Por que dói tanto?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - O que causa a dor não é a presença do cálculo dentro do rim e sim seu deslocamento e possível obstrução nas vias urinárias.
Como essas estruturas são ricamente inervadas, a dilatação pela obstrução leva a uma dor aguda, intensa e inesquecível.
Cálculos na vesícula biliar provocam dor também?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Sim, inclusive podem evoluir para doença grave.
Todo paciente com cálculo biliar deve ser acompanhado por especialista.
Que outros sintomas indicam presença de cálculos renais?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Além da dor lombar, a presença de sangue na urina pode indicar cálculo renal. Mas em muitos casos o quadro é assintomático, ou seja, não provoca nenhum sintoma.
Quanto menor o tamanho e maior a quantidade de cálculos mais perigoso?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Não necessariamente, precisamos investigar a causa de formação, tamanho do cálculo e localização para avaliar essa questão.
Quais os riscos de ter cálculo renal de repetição? O quadro pode levar a perda de função renal?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Os riscos de recorrência são de 50% aproximadamente, num prazo de 5 anos.
E a depender da gravidade da obstrução, do tamanho e da causa da formação do cálculo, se está ou não associado com infecção da urina, pode sim levar a perda de função renal.
No começo a doença é assintomática? Como descobrir o problema logo no início?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Infelizmente se a doença é assintomática, apenas um exame de imagem, como um ultrassom ocasional, poderia mostrar a presença de cálculo.
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Temos atualmente medicações para tratamento a depender da causa de formação do cálculo.
Porém se o cálculo é muito grande, encaminhamos para o urologista, a fim de avaliar necessidade cirúrgica.
Quando é preciso operar?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Cálculos maiores que 0,6 cm precisam ser acompanhados por urologista.
E normalmente vão precisar de intervenção cirúrgica, principalmente quando causam obstrução.
Como evitar as pedras nos rins?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Mantendo um estilo de vida saudável, principalmente com alimentação equilibrada, evitando excesso de sódio, evitando excesso de proteína animal e ingerindo em média de 2-3 litros de água por dia.
Chá quebra pedra funciona ou não há recomendação científica?
Dra. Raquel Ferreira Nassar Frange - Não existe comprovação científica quanto a eficiência dessas misturas.
O que ajuda a evitar a formação dos cálculos é o consumo de água!
Raquel Ferreira Nassar Frange é médica graduada pela Universidade Estadual de Londrina (2015).
Membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Fez Residência Médica no programa de Clínica Médica do Hospital Evangélico de Londrina/ Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Campos Londrina (2016-2017).
Residência Médica no programa de Nefrologia pelo Instituto do Rim de Londrina / Sociedade Brasileira de Nefrologia/ Hospital Evangélico de Londrina (2018-2019).
É Coordenadora do estágio de urgências e emergências médicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Londrina - Pronto Socorro Médico do Hospital Evangélico de Londrina.
Médica Plantonista da Unidade de Cuidados Intensivos - UTI 1,2,3 e UCO - Hospital Evangélico de Londrina, Médica Plantonista do Pronto Socorro Médico - Hospital Evangélico de Londrina.
Médica Plantonista da Unidade de Cuidados Intensivos - UTI - Hospital Araucária de Londrina.
Médico da Enfermaria Clínica - Hospital Dr. Anísio Figueiredo - Hospital Zona Norte de Londrina.
Faz parte da equipe da QualiMedi Saúde em Londrina.