Saiba mais sobre as causas frequentes da dor no “pé da barriga”.
Por Marcos André da Silva, ginecologista
A DPC ou dor pélvica crônica pode ocorrer em homens, mas afeta principalmente as mulheres.
É motivo de queixas constantes nos consultórios ginecológicos.
Algumas pacientes se referem a ela como “dor no pé da barriga” porque o incômodo se manifesta na região inferior do abdômen, abaixo do umbigo.
Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, o problema atinge aproximadamente 15% das mulheres em idade reprodutiva e representa 10% de todos os atendimentos médicos para mulheres.
A DPC impacta a vida profissional, sexual e emocional.
Pode até agravar doenças como depressão e ansiedade.
A dor não é uma doença, mas um sintoma.
Chegar a um diagnóstico sobre a origem do problema às vezes demora.
São várias as hipóteses possíveis.
Não é raro atender pacientes que já passaram por mais de um médico na tentativa de descobrir o que há de errado.
Os episódios dolorosos podem estar associados a problemas intestinais, urinários, vasculares, alterações anatômicas e estresse.
Mas frequentemente a dor pélvica crônica nas mulheres tem como causa uma doença ginecológica. Se você também está sofrendo com essa dor, não hesite em procurar o ginecologista.
Consideramos crônica a dor pélvica que dura por no mínimo seis meses.
A investigação da causa leva em conta muitas informações.
• Quando surgiu a dor?
• Qual é a intensidade?
• Quanto tempo duram os episódios dolorosos?
• Dói ao urinar?
• Alivia após evacuação?
• Incomoda durante as relações sexuais?
• Qual o histórico de cirurgias da paciente?
É uma pesquisa que envolve também diversos exames e exige dedicação do médico e contribuição da paciente.
É preciso prestar muita atenção aos sinais do corpo associados a dor. Um pequeno detalhe pode ajudar no diagnóstico.
Além dos exames de rotina, como ultrassom transvaginal e exames de urina, pode ser pedido também ressonância magnética.
Depende das causas que o ginecologista considerar mais prováveis.
Veja algumas doenças e condições ginecológicas que podem provocar dor pélvica crônica.
Endometriose
A endometriose é uma alteração no funcionamento do organismo, um processo inflamatório que ocorre quando células do endométrio, a mucosa que reveste o útero, não são expelidas durante a menstruação e, em vez disso, vão para os ovários ou para a cavidade abdominal.
Adenomiose
A adenomiose é a doença que se caracteriza pelo crescimento de células do endométrio em meio às fibras musculares da parede do útero. Ao invés de crescerem para fora, elas invadem a parede uterina.
Dismenorreia
A dismenorreia é a famosa cólica menstrual. Ela ocorre quando o organismo libera a prostaglandina, uma substância que provoca contrações uterinas para descamar as células do endométrio pela menstruação, sempre que não há nenhum óvulo fecundado, já que a função delas é nutrir o embrião.
Gravidez ectópica
A gravidez ectópica acontece quando um óvulo fecundado não migra para o útero onde poderia se desenvolver normalmente, mas se implanta em outra estrutura do aparelho reprodutor feminino, como as trompas.
Aderências pélvicas
Chamamos de aderência a união de dois tecidos do organismo, inclusive de órgãos diferentes, em consequência de cirurgias, infecções ou traumas. A aderência é semelhante a uma cicatriz.
DIP é uma síndrome causada por processo infeccioso que se inicia na vagina e atinge órgãos sexuais internos como útero, trompas e ovários, provocando inflamação.
Uma doença sexualmente transmissível, como a clamídia, quando não tratada, pode dar origem a uma DIP.
Não deixe que a dor reduza a sua qualidade de vida.
Assista ao vídeo que gravei sobre a dor pélvica crônica e, se está com sintomas, não deixe de procurar ajuda médica. Visite regularmente o seu ginecologista.
Cuide-se bem.