Saiba como identificar e enfrentar os problemas de saúde emocional provocados pela pandemia.
Entrevista com a psicóloga Katherine Pohl da equipe QualiMédicos.
Atualizado em 18 de agosto de 2021.
Em março de 2020 o Ministério da Saúde confirmava a transmissão do novo coronavírus no Brasil.
A partir daí assistimos à uma escalada vertiginosa de contágio e mortes.
A pandemia trouxe o luto, o isolamento social, o trabalho e a escola para dentro de casa, obrigou a cancelar nossos planos.
Nesta entrevista a psicóloga Katherine Pohl fala sobre como lidar com o impacto que tanta mudança causou na saúde emocional de adultos e crianças.
As perguntas foram enviadas por seguidores da QualiMedi Saúde.
Katherine Pohl - É possível diferenciar. A crise de ansiedade é um momento de pico do transtorno de ansiedade.
Os sintomas são a preocupação excessiva, a sensação de nervos à flor da pele, irritação constante, alimentação e sono afetados.
Pode ainda haver sintomas físicos como palpitações, taquicardia, falta de ar e aperto no peito.
Se você sente esses sintomas de forma intensa frequentemente, tem dificuldade para controlá-los e percebe que eles prejudicam sua qualidade de vida, te paralisam, pode ser de fato o transtorno de ansiedade. Já a ansiedade comum é momentânea, menos intensa, menos frequente.
Você tem mais controle sobre os sintomas que normalmente ocorrem em situações específicas, como uma entrevista de emprego.
Katherine Pohl - A pandemia trouxe ansiedade generalizada por causar medos, ao mesmo tempo, na maior parte da população.
Medo de perder o emprego, medo de se contaminar, preocupação com os familiares.
Mas é preciso ter consciência e atuar no que está ao nosso alcance e pode ser feito, como as medidas preventivas.
Não focar tanto nas coisas que fogem do controle.
Alguns hábitos podem ajudar no controle das emoções.
• Crie uma rotina.
• Destine tempo a uma atividade prazerosa, de preferência na primeira hora do dia.
• Os exercícios físicos também contribuem para a saúde emocional, pratique.
• Faça exercícios de respiração por 5 a 10 minutos, todos os dias.
• Programe pausas durante o trabalho.
• Evite o consumo excessivo de notícias sobre a pandemia.
• Estabeleça metas, como experimentar uma coisa nova a cada dia, testar receitas ou atividades que nunca fez.
• Reserve um tempinho durante o dia para refletir sobre suas questões, a fim de não ter pensamentos excessivos que afastem o sono.
• Evite o uso do celular e da TV antes de dormir.
Katherine Pohl - É necessário identificar o que antecede os momentos de desânimo intenso.
Reflita sobre as causas e procure mudar, amenizar o impacto.
Lembre o que você fazia antes da pandemia e que te deixava feliz, tente adaptar essa atividade para a nova realidade. Compartilhar sentimentos com familiares e amigos também pode ajudar, mesmo que seja à distância, para desabafar, sentir-se acolhido.
Observe a intensidade e frequência desse desânimo, não deixe que se agrave e evolua para um quadro depressivo. Quando está muito difícil de lidar, devemos buscar ajuda profissional.
Livros motivacionais podem piorar o desânimo? Leio, mas não consigo colocar nada em prática.
Katherine Pohl - Os livros motivacionais podem ajudar sim, mas também podem causar o efeito contrário.
Muitas vezes, ao ler, a pessoa cria um patamar de vida, de sucesso, muito alto.
Ao final acaba se sentindo pior por não conseguir se aproximar desse patamar.
Observe sempre o efeito das coisas que você busca para ajudar. Não hesite em abandonar se te faz mal.
Katherine Pohl – As crianças, na maioria das vezes, têm uma noção de tempo diferente dos adultos, e em situações difíceis, podem achar que aquilo durará para sempre.
É importante explicar que essa situação vai passar.
Mantenha o contato virtual com os parentes, conscientize de forma criativa (contando historinhas por exemplo) sobre a importância do uso da máscara e do álcool em gel.
Para manter as responsabilidades é preciso criar uma rotina para as crianças, estipular horários e, além dos deveres, proporcionar momentos de lazer em família.
Peça ajuda.
Esses são cuidados básicos com a saúde emocional, mas não deixe de procurar ajuda se sentir que não consegue melhorar sozinho.
A pandemia pode ter despertado ou agravado problemas que já existiam.
O acompanhamento profissional de um psicólogo é de grande ajuda para superar as dificuldades.
Katherine Phol
Mestre em Psicologia, com ênfase em psicanálise e cultura.
Aprovada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com a tese “A violência sexual na infância: uma leitura psicanalítica sobre o corpo”.
Atuação na área clínica e social. Realiza psicoterapia psicanalítica de crianças e adultos.
Tem experiência na intervenção em contextos de violência sexual, física e psicológica, vulnerabilidade social, acolhimento institucional e adoção.
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