O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno mental que se manifesta em crianças e, quase sempre, afeta a vida adulta.
O transtorno atrapalha o desempenho escolar, profissional e o convívio social.
O TDAH, ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, é um transtorno neurobiológico, relacionado a diferenças na atividade cerebral e na regulação de neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina.
Ou seja, um desequilíbrio químico na comunicação entre os neurônios cerebrais.
Essas diferenças afetam significativamente a capacidade de concentração e geram um comportamento hiperativo e impulsivo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a prevalência de TDAH em crianças e adolescentes varia entre 3 e 8%, dependendo do sistema de classificação utilizado.
No Brasil, os números são semelhantes, com prevalência de 7,6% em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos; 5,2% pessoas na faixa etária de 18 a 44 anos; e 6,1% em maiores de 44 anos.
Portanto, é um problema muito mais comum do que se imaginava alguns anos atrás e que não pode ser confundido com traço de personalidade.
Ao invés de rotular alguém, especialmente uma criança, é importante buscar ajuda especializada para avaliar se não se trata de um caso de TDAH.
A origem do TDAH é genética, uma disfunção que prejudica a transmissão de informação entre os neurônios no cérebro, provocando desatenção, inquietude e impulsividade.
Fatores como tabagismo e consumo de bebida alcóolica na gestação, sofrimento fetal durante o parto e exposição a chumbo também podem contribuir para o agravamento do transtorno.
Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor o resultado obtido com os diversos recursos terapêuticos que ajudam a controlar os sintomas.
As dificuldades enfrentadas pelas pessoas com TDAH podem demorar a ser percebidas na infância, mas ficam mais evidentes conforme aumentam as responsabilidades e a necessidade de prestar atenção, por exemplo quando a criança começa a ser alfabetizada.
Infelizmente não é raro receber o diagnóstico tardiamente, só na adolescência ou até na vida adulta.
Pais e professores devem ficar atentos quando o comportamento da criança destoa das demais.
A baixa autoestima, a incapacidade de resolver problemas triviais, de se concentrar numa tarefa e uma inquietação permanente são algumas características que podem estar associadas ao TDAH.
Pessoas com o transtorno também podem ter dificuldades de fala e escrita dependendo do grau de TDAH.
O diagnóstico é clínico, o especialista verifica se a criança enxerga, ouve e dorme bem; analisa minuciosamente o histórico médico; avalia as informações sobre o comportamento em casa e na escola e também pode realizar testes neuropsicológicos.
O neurologista desempenha um papel importante na diferenciação do TDAH de outras condições neuropsiquiátricas que podem apresentar sintomas parecidos como depressão, transtornos do espectro do autismo ou de ansiedade.
É possível que um mesmo indivíduo tenha não apenas o TDAH, as também outros transtornos.
Em crianças podem aparecer simultaneamente distúrbios de humor, conduta, aprendizado, controle motor, linguagem e comunicação.
Além de distúrbios do sono, especialmente a síndrome das pernas inquietas e a hipersonolência.
No ano passado, o Ministério da Saúde definiu um protocolo de atendimento de TDAH com o objetivo de facilitar o rápido encaminhamento para o tratamento.
Segundo o protocolo, o diagnóstico pode ser feito com base em 18 sintomas característicos e que variam de acordo com tipos de TDAH:
Na maioria dos casos é necessário usar medicamentos que estimulam a área prejudicada do cérebro e que ajudam a regular a atividade cerebral e reduzir os sintomas do TDAH.
As doses são diferenciadas para cada paciente e o tempo de uso da medicação também depende de avaliação caso a caso.
Mas o tratamento do transtorno de hiperatividade vai muito além.
O neurologista especializado em TDAH geralmente opta por abordagem multidisciplinar, com a colaboração de psicólogos, psiquiatras, pedagogos e/ou terapeutas ocupacionais.
É importante criar estratégias para melhorar o desempenho cognitivo e comportamental.
Portanto, a solução envolve a conscientização sobre a natureza crônica do transtorno e uma série de medidas que ajudam a criança e a família, tais como:
Agende uma consulta com um neurologista especialista em TDAH na QualiMedi Saúde para uma avaliação.
Na maior parte dos casos, o transtorno é crônico, persiste na vida adulta em maior ou menor grau.
Mas o tratamento bem conduzido pode garantir vida de mais qualidade a crianças e adultos.
Fontes: Ministério da Saúde/ Conitec
Associação Brasileira do Déficit de Atenção
Um diagnóstico de Alzheimer impacta não só o paciente, mas toda a família.
A doença degenerativa do cérebro ainda não tem cura.
É preciso aprender a lidar com a progressão dos sintomas.
Entender quais são os sintomas que se manifestam em cada fase do Alzheimer é de grande ajuda para planejar e oferecer a melhor condição ao portador da doença.
Conhecer os sinais também contribui para o diagnóstico precoce que aumenta a expectativa de vida e o bem-estar do paciente..
O Alzheimer geralmente surge após os 60 anos, com o envelhecimento da população, saber enfrentar a doença é uma questão prioritária.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, aproximadamente 1,2 milhão pessoas sofrem algum tipo de demência.
A estimativa é de que 100 mil novos casos sejam diagnosticados a cada ano.
Entrevista: Flávio Henrique Bobroff da Rocha, neurologista.
Quais são as fases do Alzheimer?
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Basicamente dividimos a evolução do Alzheimer em três estágios: leve, moderado e grave.
No estágio inicial a pessoa mantém a sua autonomia.
Memória e visão espacial ainda estão preservadas.
É possível dirigir, trabalhar e participar normalmente de atividades sociais.
Mas já ocorrem os lapsos de memória, principalmente para fatos recentes.
Acontece de a pessoa esquecer de dar um recado, não lembrar de onde guardou um objeto que costuma deixar num mesmo local esquece.
No trabalho começa a ter alguma dificuldade para fazer todas as atividades pelas quais é responsável.
Lidar com dinheiro, banco, cartão, senhas fica mais difícil.
A fase leve dura em torno de 4 anos, em média.
Passamos ao estágio seguinte, a fase moderada, quando a alteração de memória fica mais evidente e surgem alguns sintomas novos.
A relação com o trabalho se complica, a pessoa não reconhece alguns parentes, se atrapalha para pagar a conta.
Um sintoma muito comum também nesta fase são as alterações de comportamento.
Começa a se perder na rua e até no ambiente de sua própria casa.
São sintomas que não vêm ao mesmo tempo, surgem gradativamente, pioram ao longo dos anos.
Mais rápido em uns do que em outros.
Até que, por fim, chegamos à fase avançada do Alzheimer, em que o quadro demencial já é bem mais severo.
O paciente já não consegue mais se comunicar bem.
Há prejuízo na fala, a construção das frases é confusa.
A capacidade motora e a deglutição também são muito afetadas.
Muitos pacientes não saem mais da cama e são alimentados por sonda.
Esta é a fase terminal, quando a pessoa não reconhece nem seus entes mais próximos, como os filhos e o cônjuge.
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Basicamente o que ocorre é o acúmulo da proteína beta amiloide no cérebro. Ela se acumula e o organismo simplesmente não consegue eliminar.
É como se fosse acumulando o lixo na calçada e não passa o lixeiro para tirar.
Isso se reflete nas fases da doença.
Quando há um acúmulo discreto da proteína os sintomas são leves.
Conforme a quantidade aumenta, o impacto é maior porque provoca a morte de neurônios e atrofia progressiva do cérebro.
Por que a doença progride mais rapidamente em uns do que em outros?
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - O tempo de evolução do Alzheimer varia muito, mas em média é de 8 a 10 anos.
Infelizmente para alguns pacientes a evolução é mais rápida e a fase avançada chega em menos de 8 anos.
Por outro lado, temos pessoas que sobrevivem 15 e até 20 anos com Alzheimer.
A variação no modo de progressão da doença está associada a vários fatores.
A genética é um deles, apesar do fator hereditário ser responsável por apenas 10% do total de casos.
Quando há outros casos na família, de parentes de primeiro grau, a doença pode se manifestar antes mesmo dos 60 anos, quando o mais comum é depois dos 65.
Não é uma regra, mas o fator hereditário também que leva a uma progressão mais rápida.
Outro fator de agravamento do Alzheimer são as doenças cardiovasculares.
Tudo aquilo que leva ao acúmulo de gordura nas artérias, ao risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Podemos destacar alimentação errada, obesidade, diabetes e hipertensão como causas associadas.
Assim como fumar e abusar de bebida alcoólica.
Tudo isso leva também a um aceleramento da progressão da doença.
Não quer dizer que se você tem hipertensão ou diabetes vai ter Alzheimer.
Mas a pessoa que tem Alzheimer e não controla o diabetes tem mais chance de piorar rapidamente.
Além disso, o modo como o portador de Alzheimer é cuidado pela família também impacta na longevidade dele. Quanto melhores as condições de tratamento e acolhimento, maior a chance de viver mais.
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - A doença é dinâmica apesar da progressão lenta.
É bom que a pessoa tem alguém de confiança para ajudá-la conforme as necessidades vão se apresentando.
Conferir se está tudo certo com as contas, por exemplo.
Com o passar do tempo, ao final da fase leve, certamente esta pessoa não será mais independente, terá que ser cuidada.
Não vai conseguir mais dar conta da organização da vida financeira, da casa.
É A higiene pessoal começa a ficar prejudicada.
Então, normalmente, na fase moderada, ele já começa a ter dificuldade para a higiene íntima, o banho, o se vestir.
E a tendência é ir piorando, acabar precisando de auxílio até para se alimentar.
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - O ideal seria sempre fazer o diagnóstico numa fase bem inicial.
Mas é realmente difícil que isso ocorra.
Precisamos acompanhar o paciente por algum tempo porque no primeiro estágio só a memória é acometida.
Muitas vezes pode confundir com outras doenças como depressão, distúrbio de tireoide e deficiência de vitamina B12.
Já na fase moderada ou avançada a doença já dá sinais evidentes.
Não existe ainda um teste, um exame específico que você faz e pode afirmar, olha, deu Alzheimer .
Não é igual diabetes que você colhe o exame de sangue, mede a glicemia e ali está claro se é diabetes, pré-diabetes ou está normal.
Para diagnosticar o Alzheimer dependemos muito do exame físico e de teste de memória.
Exames de tomografia, ressonância magnética e de sangue são realizados na tentativa de descartar outras doenças, em nenhum deles vai estar escrito se a pessoa tem Alzheimer.
Em uma fase muito inicial, a ressonância pode ser normal, igual de um idoso que não tem Alzheimer.
Alguns marcadores que poderiam confirmar o diagnóstico está sendo estudados, mas ainda não temos nada concreto que nos sirva como orientação segura.
Uma pessoa na fase avançada do Alzheimer precisa de internação hospitalar?
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Na verdade, não precisa não.
A internação hospitalar de um doente com Alzheimer avançado acontece por outros motivos como pneumonia, infecção de urina grave e outras complicações.
O portador de Alzheimer pode ficar em casa com o cuidador ou numa casa de repouso.
É uma situação complicada porque custa caro você ter um cuidador.
Muitas vezes a família acaba tendo que se revezar.
É uma doença que impacta muito a família toda.
Chega a um ponto em que começam as manifestações psiquiátricas, a pessoa pode ficar agressiva, não dormir à noite, acordar gritando, chamar a toda hora.
Manejamos com medicamento essas alterações psiquiátricas, mas nem sempre conseguimos controlar totalmente.
A família sofre muito e tem que encontrar a melhor maneira de lidar com a situação dentro das possibilidades que possui.
Cuidar em casa ou optar por uma instituição especializada é uma decisão que depende não só da vontade, mas da condição financeira.
Como o senhor avalia o andamento das pesquisas mais recentes?
Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Ainda não existe cura.
Os medicamentos fornecidos pelo SUS são os mesmos nos últimos 15 anos.
São medicamentos seguros, mas não curam, mas retardam a progressão da doença.
Desaceleram o declínio cognitivo, mantém um certo grau de memória e ajudam a viver mais.
Por enquanto é o que podemos oferecer, por isso o quanto antes começar o tratamento, melhor.
Flávio Henrique Bobroff da Rocha é médico formado pela Universidade Estadual de Londrina, em 2000.
Especialista em Clínica Médica e Neurologia também pela UEL.
Atua no Paraná, nas redes de saúde pública e privada.
Integra a equipe da QualiMedi Saúde em Londrina onde atende adolescentes e adultos.
Saiba mais sobre os tipos de crise e como tratar.
Por Flavio Bobroff, neurologista.
A epilepsia é um distúrbio neurológico que ocorre quando células cerebrais, os neurônios, começam a disparar muitas descargas elétricas simultaneamente, emitindo sinais equivocados, provocando algo como um curto-circuito na cabeça.
Esta confusão no cérebro faz com que a pessoa sofra crises epiléticas, também conhecidas como acessos ou ataques epiléticos.
A forma de manifestação das crises depende do local do cérebro atingido pela atividade anormal dos neurônios.
Quando os dois lados do cérebro são afetados, acontecem crises generalizadas.
A mais conhecida é aquela em que a pessoa perde subitamente a consciência e começa a se debater, enrijecendo o corpo e aumentando a salivação.
O ataque dura poucos minutos, logo a pessoa recobra os sentidos, ainda que se sinta um tanto confusa, sonolenta ou agitada.
Também é comum a epilepsia se manifestar em crises de ausência, quando a pessoa fica parada com olhar fixo em algum ponto e totalmente alheia ao que está acontecendo à sua volta.
Em outros casos o que ocorre é a repetição incontrolável de movimentos, como gesticular ou mastigar.
Já nas crises simples, a pessoa não perde consciência e consegue descrever perfeitamente os sintomas, geralmente tontura, formigamento, alterações em som, cheiro e sabor.
A epilepsia é uma doença comum que atinge pessoas de qualquer idade.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) existem cerca de 50 milhões de casos no mundo.
A maioria dos pacientes, desde que receba o tratamento adequado, consegue trabalhar e levar uma vida normal.
Para isso é importante que o paciente e a família aprendam a conviver com a doença, seguindo à risca o tratamento e as orientações do neurologista para evitar crises constantes e fortes.
Uma única crise não caracteriza epilepsia, mas já na primeira ocorrência devemos buscar avaliação e acompanhamento médico para confirmar ou descartar uma suspeita.
O exame clínico e o relato detalhado do que aconteceu com o paciente são fundamentais para o diagnóstico, mas o médico pode pedir também análise laboratorial de sangue e urina, eletroencefalograma e exames de imagem para obter informações complementares.
A ciência aponta várias causas possíveis para a epilepsia.
• Doenças genéticas
• Anoxia neonatal (falta de oxigênio durante o parto)
• Distúrbios metabólicos
• Doenças cardiovasculares como o AVC
• Malformações do cérebro
• Tumores cerebrais
• Infecções como a encefalite
Em 70% dos casos o tratamento com doses diárias de medicamento antiepilético consegue controlar as crises. O sucesso do tratamento medicamentoso depende de disciplina.
O paciente não pode deixar de tomar o remédio um dia sequer e nem de visitar o médico regularmente para eventuais ajustes na medicação.
Para alguns pacientes é preciso buscar ou associar outros recursos que mantenham a doença sob controle, como dieta com pouco carboidrato, neuromodulação e até cirurgia.
Entre outros cuidados, recomendamos que o paciente com epilepsia evite a prática de esportes radicais, natação, ciclismo e atividades que exijam lidar com fogo, usar ferramentas cortantes ou permanecer em locais elevados.
Caso você precise ajudar uma pessoa em crise epilética, tente manter a calma e, enquanto aguarda socorro médico, siga os seguintes passos.
• Mantenha a pessoa deitada de lado para evitar que ela aspire secreções ou vômito, que podem ocorrer durante a convulsão.
• Proteja a cabeça da pessoa para impedir que ela se machuque batendo no chão.
• Tire de perto qualquer objeto que possa oferecer risco.
• Não coloque sua mão ou qualquer objeto na boca da pessoa durante a crise.
Ela pode provocar um ferimento grave em você durante uma mordedura ou acabar quebrando um dente mordendo o cabo de uma colher, por exemplo.
Não se preocupe com a língua, ela não vai sufocar a vítima da crise epilética.
Não hesite, procure um médico.
Epilepsia não é uma doença contagiosa, nem é sinal de loucura.
Não alimente medo ou preconceito, como já dissemos, seguindo o tratamento, a maioria dos pacientes tem excelente qualidade de vida.
Fale com o neurologista.
O melhor remédio para manter a memória é levar uma vida saudável e desafiar o cérebro.
Por Flávio Henrique Bobroff, neurologista.
Vou buscar algo no armário e não lembro o que é. Perdi a chave do carro.
Como é mesmo o nome daquele ator?
Me deu um branco!
Essas situações são comuns, acontecem com todo mundo, mas deixam algumas pessoas preocupadas, principalmente quando se tem mais idade.
Será que estou perdendo a memória?
Será que é Alzheimer?
Calma, nem sempre os esquecimentos significam que você tem uma doença.
A intensa quantidade de informações que recebemos diariamente pode sobrecarregar nosso cérebro e causar lapsos de memória.
Alguém muito estressado e ansioso geralmente se atrapalha com esquecimentos vez ou outra.
Podemos comparar ao computador, quanto maior o número e o tamanho dos arquivos armazenados, menor a velocidade de processamento.
E quem é mais velho já acumulou muitas memórias, o esquecimento faz parte. Imagina se tivéssemos que guardar para sempre toda a informação que chegou até nós em 60 anos de vida ou mais?
Por outro lado, pouco estímulo também não ajuda a manter a capacidade de memorização.
Assim como nossos músculos, o cérebro precisa ser exercitado.
Uma pessoa que sempre foi ativa, cumpria expedientes diários no trabalho, lidando com situações complexas, pode sentir um baque na memória e no raciocínio ao se aposentar.
Ter uma nova atividade remunerada ou voluntária, estudar ou se dedicar a um passatempo é bem importante.
Além disso vale esclarecer que não é apenas o Alzheimer que nos faz perder a memória.
As falhas podem ocorrer por conta de outras doenças bem comuns, como o hipotireoidismo e o diabetes; pelo uso de medicamentos, inclusive alguns analgésicos, remédios para controlar a hipertensão arterial e a depressão; e por distúrbios do sono.
Consulte o neurologista para descartar a existência de doenças e outros fatores que prejudicam a memória e para receber orientação sobre práticas e estilo de vida que favorecem a saúde do cérebro.
É preciso compreender que a falta de memória ocorre quando perdemos uma informação que estava armazenada.
Já a falta de atenção faz com que a informação nem seja memorizada.
Não controlamos todos os fatores que podem prejudicar a capacidade de memorização, mas podemos adotar hábitos que reduzem os riscos para diversas doenças e outros gatilhos que impactam nosso cérebro.
O sono profundo, restaurador, é fundamental para a memória.
Colabora para as sinapses, as conexões entre os neurônios. Crie uma rotina que contribua para a qualidade do seu repouso.
Pratique exercícios e tenha uma dieta equilibrada
Atividade física regular e boas escolhas na alimentação ajudam a reduzir fatores de risco para a perda de memória como diabetes, colesterol alto, estresse e depressão.
Fumar e consumir bebidas alcóolicas também acelera o processo de envelhecimento e prejudica a vascularização cerebral.
Nada melhor que se expor a situações novas para ampliar as conexões cerebrais e trabalhar as habilidades cognitivas (motoras, intelectuais e sociais).
Introduza atividades diferentes no seu dia a dia com diversos graus de complexidade. Vire um livro ao contrário e tente ler, escove os dentes com a mão que não costuma usar.
Leia mais, aprenda um novo idioma, aprenda a tocar um instrumento.
Faça trabalhos artesanais, decifre palavras cruzadas.
Desafie-se continuamente.
Alimentação saudável, exercícios físicos, sair da rotina e investir tempo em atividades que relaxam são maneiras de manter o estresse sob controle o que ajuda a preservar nossa saúde de forma global, inclusive a memória.
Consulte o médico regularmente.
Faça exames de rotina nos prazos recomendados pelo seu médico, assim é possível diagnosticar e tratar precocemente as doenças que, entre outros problemas, prejudicam a memória.
Em caso de esquecimentos frequentes, procure o neurologista e tire todas as suas dúvidas.
Gostou das informações do vídeo? Compartilhe com um amigo.
Agende uma consulta com o Dr. Bobroff, clique aqui.
Quem tem dor de cabeça frequente deve procurar um especialista. A automedicação é um perigo.
Por Flavio Henrique Bobroff, neurologista.
Quem nunca teve uma dor de cabeça? Nem as crianças escapam.
O problema se tornou ainda mais comum durante a pandemia de Covid-19.
A dor de cabeça forte, que não cede com uso de analgésicos, é um dos sinais mais frequentes de contaminação pelo coronavírus.
Além disso ficamos mais estressados, passamos mais tempo diante da tela do computador, reduzimos atividades físicas e, muitos, pioraram a dieta alimentar.
Tudo isso contribui para ter dor de cabeça.
Cefaleia é o termo médico para a dor de cabeça.
Existe mais de uma centena de tipos.
As cefaleias primárias são a própria doença, como, por exemplo, a enxaqueca ou a dor de cabeça causada por nervosismo e ansiedade.
Cefaleias secundárias são um sintoma de doença.
Podem estar relacionadas a problemas simples ou muito graves.
Desde gripe, sinusite e hipertensão arterial até meningite e tumores cerebrais, dentre outros.
Felizmente, na grande maioria das vezes, as causas são benignas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, 95% das pessoas têm uma crise de dor de cabeça ao menos uma vez na vida.
As mulheres sofrem mais, representam 70% dos casos em razão das variações hormonais.
As dores de cabeça mais comuns são a cefaleia tensional e a enxaqueca.
A cefaleia tensional, como o próprio nome diz, é causada pela tensão dos músculos ao redor da cabeça.
A dor costuma ser difusa, se acentuando nas laterais do crânio e na nuca.
Por que os músculos ficam tensos?
Geralmente por problemas emocionais como estresse e ansiedade.
Para cefaleia tensional, analgésicos comuns e relaxamento funcionam.
A dor logo desaparece.
Já a enxaqueca provoca dor latejante de um lado da cabeça, de intensidade moderada ou severa.
A crise pode ser longa, durando entre 4 e 72 horas.
O sofrimento causa enjoo, vômitos e a pessoa não consegue manter as suas atividades normais.
Alguns pacientes percebem quando vão ter crises, ficam com a vista embaçada e enxergam pontos brilhantes.
Também se tornam mais sensíveis a barulho, luz e aromas.
A enxaqueca ocorre em pessoas com pré-disposição genética.
A frequência dos episódios varia e analgésicos comuns não costumam fazer efeito.
Estudos dão conta que 30 milhões de brasileiros sofrem com enxaqueca.
A doença atrapalha a vida pessoal e incapacita para o trabalho nos períodos de crise, gerando um impacto social e econômico relevante.
A maioria das pessoas não hesita em se automedicar quando tem dor de cabeça.
Lamentavelmente ocorre o uso indiscriminado de analgésicos que implica em outros riscos para a saúde, como desenvolver cefaleia crônica.
A recomendação, sempre, é não subestimar os sinais que o corpo emite.
Se você tem dor de cabeça toda semana, procure um especialista para investigar a causa.
E atenção, pessoa com dor de cabeça forte, que não cede com analgésico e tem com outros sintomas, como febre, vômito, confusão mental, convulsão ou desmaio, deve ser encaminhada para atendimento médico de urgência.
O diagnóstico é clínico.
O médico avalia o paciente, analisa o histórico e a descrição da dor.
Se suspeitar que é sintoma de doença, pede exames para confirmar a hipótese.
Um exemplo. Sabendo que enxaquecas são mais comuns em pessoas jovens, quando o paciente é idoso e está se queixando pela primeira vez do problema, desconfiamos e investigamos mais possibilidades.
Qual o melhor tratamento para dor de cabeça?
O tratamento varia de acordo com o tipo de cefaleia.
Em casos mais amenos, prescrevemos analgésicos comuns e anti-inflamatórios.
Para as mulheres é importante descobrir se a dor de cabeça está associada à questão hormonal, percebendo se piora durante a menstruação, se tem relação com o uso de anticoncepcional.
No caso da enxaqueca, existem medicamentos específicos para controlar as crises, os triptanos, e para tratamentos preventivos.
É válido associar terapias complementares como psicoterapia e acupuntura.
Devemos ainda evitar tudo o que serve de gatilho para dores de cabeça.
Entre os alimentos os vilões costumam ser:
• Chocolate
• Queijos fortes
• Embutidos
• Amendoim
• Nozes
• Molho de soja (shoyu)
• Bebidas alcóolicas
• Refrigerante
Fumar, passar horas em jejum, se submeter a uma rotina estressante também faz a cabeça doer, além de causar outros problemas de saúde.
Adote hábitos saudáveis, melhore a alimentação, pratique exercício, escolha uma atividade relaxante para aliviar o estresse.
Procure ajuda especializada se você vem apresentando dores de cabeça há algum tempo.
Não fique tentando encontrar explicações sem ajuda médica. Pergunte ao neurologista.
Diagnóstico precoce de Alzheimer é importante para a qualidade de vida do paciente.
Por Flavio Henrique Bobroff, neurologista
Temida por todos nós, a doença de Alzheimer foi descrita pela primeira vez há mais de 100 anos e até hoje permanece incurável. Também não descobrimos ainda uma forma efetiva de prevenção contra esse tipo de demência.
Não há vacina que nos imunize.
Apenas 10% dos pacientes são de famílias que possuem outros casos de Alzheimer, portanto não podemos considerar o mal como uma doença hereditária.
Infelizmente, qualquer pessoa pode ser afetada.
Em 1906 o médico alemão Aloysius Alzheimer estudou o caso de uma paciente e definiu as características da doença. Auguste Deter era uma mulher saudável até os 51 anos, mas passou a sofrer com a perda progressiva de memória, desorientação e dificuldade de se expressar.
Foi piorando até não ter mais nenhuma condição de se cuidar sozinha. Auguste morreu aos 55 anos e o médico teve permissão para examinar o cérebro dela em busca de alterações que explicassem o que havia ocorrido.
Desde então a ciência vem tentando entender melhor as causas e descobrir novos tratamentos.
Sabemos que placas senis surgem no cérebro do paciente com Alzheimer por causa da produção anormal de uma proteína chamada beta-amiloide. Outra alteração envolve a proteína tau e cria emaranhados neurofibrilares no tecido cerebral.
Também descobrimos que a doença reduz o número de neurônios e prejudica as sinapses, ou seja, a comunicação entre eles. O volume do cérebro diminui progressivamente.
Os neurônios responsáveis pela memória e pelo planejamento e execução de tarefas complexas são os primeiros a serem prejudicados.
Atualmente as pesquisas mostram que o Alzheimer é mais comum a partir dos 60 anos e a prevalência é maior entre as mulheres.
A estimativa é de 35,6 milhão de casos no mundo e, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, 1,2 milhão em nosso país. Grande parte dos doentes não recebe o diagnóstico.
A família interpreta os sintomas da doença como comportamentos normais da pessoa idosa e não procura ajuda quando deveria buscar a avaliação de um neurologista.
As demências, dentre elas o Alzheimer, provocam o sofrimento dos doentes, seus parentes e cuidadores. Além de ser causa de incapacitação de idosos e resultar num alto custo para toda a sociedade.
O diagnóstico no estágio inicial permite tratar os sintomas para que o doente tenha uma vida de melhor qualidade e a família aprenda a dar assistência adequada com mais tranquilidade e segurança.
A informação é um dos principais recursos que temos para enfrentar o Alzheimer.
Por isso recomendo sempre a avaliação neurológica e compartilho aqui respostas à algumas dúvidas que chegam ao consultório.
Os primeiros sintomas da doença surgem com o esquecimento para fatos recentes e corriqueiros, como deixar o fogão aceso, esquecer compromissos, a data em que se recebe a aposentadoria.
Ter dificuldade para encontrar palavras, apresentar desorientação relacionada ao tempo e ao espaço também podem ser sinais da demência.
Uma situação muito comum é a dificuldade para ir ao banco e pagar contas.
A pessoa não sabe mais administrar o próprio dinheiro e começa a se perder com frequência nas ruas em que estava acostumada a andar.
Os doentes também não conseguem mais tomar decisões, perdem a iniciativa e a motivação para fazer suas atividades do dia a dia.
Obviamente não estamos falando de problemas pontuais, mas de comportamentos frequentes, da repetição de episódios de confusão mental que interferem na rotina e diminuem a autonomia da pessoa.
O diagnóstico é feito por exame clínico e pela exclusão de diversas outras doenças que podem ter os sintomas parecidos.
Numa fase muito inicial de Alzheimer é, realmente, muito difícil distinguir.
Apenas a evolução dos sintomas poderá revelar.
O quadro piora com o passar dos meses e anos.
Numa fase intermediária os sintomas se tornam mais evidentes até para os familiares.
O doente precisa de ajuda com a higiene pessoal, tem maior dificuldade para falar e se expressar com clareza.
Pode manifestar ideias sem sentido e até ter alucinações como ouvir vozes e ver pessoas.
É típico o paciente suspeitar que está sendo roubado por alguém ou traído pelo cônjuge.
Se confrontado com a realidade, se torna irritado e até agressivo.
Na fase avançada o comportamento inadequado é ainda mais frequente e exacerbado.
A pessoa também perde capacidade motora. Necessita de ajuda para caminhar e, com a evolução da doença, passa a usar cadeira de rodas ou fica acamada.
Pode haver ainda incontinência urinária e fecal.
A doença não tem cura, mas com o uso de medicamentos podemos garantir sobrevida ao doente, fazer com que o Alzheimer evolua mais lentamente.
O ideal é começar a tratar logo no estágio inicial.
Os remédios ajudam bastante a controlar a agressividade e a depressão, melhorando o sono. São um alívio para os desequilíbrios provocados pelo Alzheimer.
Procurar o auxílio de um neurologista para avaliação e acompanhamento é o melhor a se fazer.
Nem todo tremor nas mãos está relacionado ao mal de Parkinson, mas sempre deve ser investigado.
Por Flavio Henrique Bobroff, neurologista.
O mal de Parkinson é a doença degenerativa mais comum no mundo depois do Alzheimer.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), atinge entre 1 e 2% da população acima dos 60 anos.
O sintoma mais conhecido é o tremor nas mãos. Mas, quando se trata de Parkinson, outras mudanças físicas e comportamentais se manifestam.
O cérebro atingido pela doença de Parkinson perde neurônios numa área conhecida como substância negra.
O distúrbio provoca queda na produção de um neurotransmissor, a dopamina, que, entre outras coisas, ajuda a controlar os movimentos do corpo.
A medicina descobriu a relação entre a falta de dopamina e o Parkinson, mas ainda não sabe exatamente qual é a origem da doença.
Tampouco encontrou a cura, mas os tratamentos avançaram bastante nas últimas décadas.
Já é possível amenizar significativamente os sintomas e manter uma expectativa de vida praticamente normal para a maioria dos doentes.
Os movimentos são afetados por causa da redução ou ausência da dopamina no organismo e os tremores estão entre as consequências desta alteração.
Mas outros problemas, além do Parkinson, causam tremores.
É necessário consultar o neurologista para chegar a um diagnóstico.
O tremor fisiológico, por exemplo, é normal e passageiro.
Surge em algumas situações como crises de ansiedade, pânico, jejum prolongado, esforço excessivo ou por efeito de algum remédio.
Já o que chamamos de tremor essencial é mais intenso e constante, descontrola principalmente os movimentos dos braços e melhora quando a pessoa está em repouso.
É uma desordem neurológica comum.
Já o tremor da pessoa com Parkinson vem acompanhado de outros sintomas e evolui de um forma diferente.
Ele pode ocorrer na cabeça, nos dedos, nas mãos, no queixo, nos pés. Geralmente afeta primeiro um dos lados do corpo.
São chamados de tremores de repouso porque acontecem quando a pessoa não está fazendo nenhum movimento voluntário.
A intensidade varia e é mais forte em momentos de nervosismo. Gradativamente, com o passar dos anos, todo o corpo vai sendo impactado.
A principal característica do doente de Parkinson é se movimentar com lentidão, um sintoma chamado bradicinesia ou acinesia.
Os músculos se enrijecem ao ponto de causar dor.
Os passos são curtos e a pessoa se curva para a frente quando caminha.
O equilíbrio corporal fica instável e o risco de quedas é alto.
Falar e fazer expressões faciais vai se tornando difícil.
O avanço da doença também traz depressão e dificuldades de memória.
Como vimos, o Parkinson se manifesta em um conjunto de sintomas.
Alguns doentes não apresentam tremores. O diagnóstico é essencialmente clínico.
O neurologista deve ser informado de todos os detalhes relacionados às queixas de tremores, rigidez e fraqueza, além do uso de medicamentos pelo paciente.
O médico vai observar como a pessoa anda, fazer testes motores, verificar o tônus muscular, a postura e as expressões faciais.
Quanto mais cedo o distúrbio neurológico for detectado, mais chance de se obter uma boa resposta ao tratamento.
Como a maior parte dos casos é de pessoas idosas, infelizmente é comum que incialmente sintomas do Parkinson sejam confundidos com problemas naturais do envelhecimento.
Não temos cura ainda para a doença de Parkinson, mas podemos combinar vários recursos terapêuticos para manter a qualidade de vida do paciente.
O objetivo é amenizar os sintomas e retardar o avanço do processo degenerativo.
Usando medicamentos que protegem os neurotransmissores buscamos preservar os níveis de dopamina.
Sessões de fisioterapia e fonoaudiologia ajudam a pessoa a superar as dificuldades de movimentação e fala.
A psicoterapia é importante para enfrentar a depressão que pode surgir.
Em alguns casos, a solução é a cirurgia que implanta eletrodos para modular estímulos elétricos no cérebro.
O neurologista é o médico capacitado para orientar você em caso de dúvidas sobre a doença de Parkinson.
Busque ajuda especializada.