Qual é a diferença entre ansiedade e depressão?

Ansiedade e depressão na velhice são frequentes e exigem tratamento médico.Pouca conversa e desânimo não são naturais da idade, mas sintomas de doenças emocionais, como a ansiedade e a depressão.Publicado em 3 de novembro de 2021. A depressão O geriatra, médico especialista na saúde do idoso, orienta o paciente e a família em casos de […]

11 de novembro de 2021

Ansiedade e depressão na velhice são frequentes e exigem tratamento médico.
Pouca conversa e desânimo não são naturais da idade, mas sintomas de doenças emocionais, como a ansiedade e a depressão.
Publicado em 3 de novembro de 2021.

A depressão

O geriatra, médico especialista na saúde do idoso, orienta o paciente e a família em casos de ansiedade e depressão na terceira idade.
Dados oficiais dão conta de que 5,8% dos brasileiros sofrem com depressão.

De acordo com uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na faixa etária entre 60 e 64 anos o percentual quase dobra, sobe para 11,1%.
Os sinais de depressão e ansiedade no idoso podem ser tomados como coisas naturais da velhice, mas não são.

É possível tratar com medicamentos, terapia e fazendo ajustes no ambiente familiar e social para que a pessoa se sinta melhor e mais forte.
O geriatra, médico especializado na saúde da pessoa idosa, também está capacitado para o diagnóstico de problemas emocionais, o tratamento e a orientação para o paciente e sua família.
Causas físicas e acontecimentos sociais afetam a saúde emocional do idoso.

Conversamos com a geriatra Roberta Gobeti Delgado, que faz parte da equipe da QualiMedi Saúde, sobre sintomas e tratamento para depressão e ansiedade no idoso.

Entrevista com Roberta Gobeti, geriatra.

Qual é a diferença entre ansiedade e depressão?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - São duas doenças diferentes e muito comuns hoje em dia, mas que acompanham a humanidade desde os primórdios.

Muita gente acaba confundindo uma com a outra.

Pode ocorrer inclusive de uma pessoa ter os dois problemas simultaneamente.

Comparando os sintomas fica mais fácil perceber a diferença.
Um quadro de depressão provoca pensamentos de tristeza, visão negativa da vida, muita culpa, baixa autoestima, sensação de ser inútil e mal-estar físico, mesmo sem um motivo aparente.

A pessoa fica desanimada, perde o engajamento para realizar as atividades do cotidiano.
Já num quadro clássico de ansiedade a pessoa sente medo de alguma coisa.

Medo de não representar tudo aquilo que acha que deveria ser.

Existe uma cobrança muito grande dela para consigo mesma.

A ansiedade gera uma aflição imensa, por exemplo, diante de tarefas com prazo definido para serem concluídas.

O pensamento do ansioso é desorganizado e ele se frustra frequentemente porque não consegue realizar as atividades às quais se propõe.
Tanto a depressão quando a ansiedade, muitas vezes por falta de informação, não são percebidas como doenças. Infelizmente, muitas pessoas ainda pensam que se sentir assim é natural e deixam de buscar apoio e tratamento.

Falta também empatia para com o deprimido e o ansioso.

Ansiedade e depressão são problemas comuns na velhice?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Ansiedade e depressão são muito comuns na terceira idade.

Isso está relacionado a fatores orgânicos (fisiológicos e neurológicos) e a acontecimentos sociais comuns nesta fase da vida.
A produção dos neurotransmissores, que são os mensageiros do nosso corpo, sofrem alterações depois dos 60 anos.

A redução de substâncias químicas como a serotonina, a adrenalina e a noradrenalina, causa grande impacto.

Essas substâncias são responsáveis pela nossa disposição em realizar tarefas, lidar com estresse, sentir alegria, entre outras coisas.

Por isso o envelhecimento reduz a nossa capacidade de lidar e sustentar a mesma carga de estresse da juventude. Ficamos mais vulneráveis a desenvolver quadros ansiosos e depressivos.

A senhora falou em acontecimentos sociais que podem desencadear depressão na terceira idade. Quais são?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Entre os acontecimentos que causam depressão no idoso estão o abandono e o distanciamento da família.

A perda de um ente querido também é comum nesta faixa etária e de difícil superação.

Acontecimentos traumáticos, como um assalto por exemplo, podem servir de gatilho para a doença.

E o estresse também tem grande impacto.

Se o idoso é um cuidador, situação comum hoje em dia, ele tem mais dificuldade para lidar com a situação.

É uma sobrecarga emocional que pode resultar em depressão.

E tem ainda o desafio de lidar com as transformações do mundo, se sentir inapto para viver uma realidade que muda com tanta velocidade.

Tudo isso pode trazer desânimo, tristeza e evoluir para um quadro depressivo.

Quais são as causas da ansiedade?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - As causas de ansiedade estão ligadas frequentemente a um grau elevado de cobrança.

A própria pessoa se cobra demais, tem medo de não entregar tudo aquilo que acredita que estão esperando dela.

O ansioso cria uma expectativa muito grande em relação à opinião dos outros, teme decepcionar.

Ansiedade está associada a baixa autoestima, a crer que não é capaz.

No mundo atual vivemos numa velocidade inédita, temos que fazer e entregar tudo com rapidez, isso gera ansiedade. Quem nunca sentiu aquele frio na barriga porque está chegando uma data importante, o fim de um prazo para entregar ou fazer algo?

Quando isso ocorre de vez em quando, tudo bem.

Mas se passa a ser frequente complica demais a vida, a ansiedade deixa de ser um simples sintoma e se torna um transtorno que deve ser tratado.

Quais são os sintomas de transtorno de ansiedade na pessoa idosa?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - A ansiedade na pessoa idosa pode ser percebida de várias maneiras.

Um dos sintomas mais comuns em quadros de ansiedade na velhice é a alteração de memória.

O ansioso normalmente acaba desorganizando o pensamento e perde a clareza de raciocínio.

Ele vive frustrado e preocupado com as tarefas e acontecimentos.

Ele perde a calma, fica distraído e confuso.

Isso pode provocar desde um problema corriqueiro, como se esquecer de onde guardou alguma coisa, até um acidente de trânsito.

O pensamento ansioso, acelerado, também tira o sono, faz a pessoa acordar várias vezes durante a noite e isso frequentemente afeta a memória.

Quais são os sintomas de depressão no idoso?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Os sintomas de depressão no paciente idoso não diferem muito dos jovens, mas tem algumas especificidades.

Geralmente o idoso deprimido fica introspectivo e sofre alteração de memória.

A pessoa perde o ânimo para se relacionar, é algo involuntário.

Não toma iniciativa de ligar pra alguém e conversar, não se interessa por quase que nenhuma atividade, se aquieta demais.
Pessoas depressivas podem também somatizar doenças.

Sentir dores fortes no peito, por exemplo, mesmo sem ter problema cardíaco.

Elas ficam realmente esgotadas, com baixa produção de neurotransmissores e podem ter crises de pânico, desenvolvendo ansiedade e depressão ao mesmo tempo.
Pessoas ansiosas ou deprimidas quando jovens podem ter quadros mais graves na velhice?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Pessoas ansiosas ou deprimidas na juventude têm mais predisposição a sofrer com estas mesmas doenças na velhice.

Assim como pessoas que têm diabetes ou pressão alta quando jovens vão seguir com esse problema pela vida.

São todas doenças que exigem cuidado contínuo.

Durante a pandemia aumentaram os casos de depressão nos idosos?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Durante a pandemia aumentaram enormemente os casos de depressão em idosos.

É simples entender por quê.

Pessoas que viveram uma vida toda trabalhando, cuidando da família e criando expectativa sobre como seria a aposentadoria, perderam a autonomia e independência.

De repente se viram trancadas em casa por conta do risco de contágio.

Essa situação aumentou de forma exuberante o número de casos de depressão nesta faixa etária.

Quais são os sinais de depressão grave que pode levar ao suicídio?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Os sintomas de quadros graves de depressão, com risco de suicídio, podem se manifestar isoladamente.

É preciso ficar muito atento, reconhecer a depressão como doença, não subestimar as consequências e oferecer apoio para a pessoa que está deprimida.
Um comportamento característico, e que se intensifica conforme aumenta o sofrimento da pessoa com depressão, é dizer coisas do tipo: eu vou sumir, vou desaparecer, vou deixar vocês em paz, gostaria de dormir e não acordar, queria poder não estar aqui amanhã, vocês seriam mais felizes sem mim.
O tom de ameaça, mas na verdade essas frases são pedidos de socorro.

Muitas vezes eu escuto de familiares de pacientes, ela finge que está doente para chamar atenção.

É um erro pensar assim.

A família deve entender que a pessoa não tem nenhum prazer nisso.

Muitas vezes o paciente realmente está se sentindo muito mal, triste e desanimado.

É algo que deve ser investigado, não só pelo médico.

Temos que oferecer todo o apoio da maneira que cada um de nós pode dar.

Como agir se alguém próximo dá sinais de depressão?
Dra. Roberta Gobeti Delgado - Se percebemos que uma pessoa passa a buscar o isolamento, não quer conversar, faz comentários que refletem sentimento de culpa, de pessimismo, podemos oferecer, inicialmente, apoio.

Deixar claro que reconhecemos que ela enfrenta um problema sério e tentar conseguir ajuda.

Se você não é um membro da família, converse alguém da família.

Explique o que está acontecendo e que a pessoa necessita apoio e tratamento.

E não basta levar ao médico, há que também melhorar o ambiente social onde o paciente está inserido, ajustar às suas necessidades.

Como é feito o diagnóstico de doenças emocionais?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - O diagnóstico de doenças emocionais é feito através de uma longa anamnese, uma espécie de entrevista feita pelo médico com o paciente.

Conversamos para compreender a percepção do paciente sobre a vida dele e os problemas que enfrenta, físicos e emocionais.

Muitas vezes o paciente se queixa de solidão, mas a família diz que ele tem companhia.

O paciente está mentindo?

Não. Ele está se sentindo sozinho, há algo que precisa ser ajustado.

É isso que vamos diagnosticar e tratar.

Na pandemia a socialização ficou mais difícil, mas não é impossível.

Doenças emocionais podem causar demência na velhice?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Sim, problemas emocionais podem causar síndromes demenciais na terceira idade. Transtornos depressivos ou de ansiedade são fatores de risco para Alzheimer e outros tipos de demência.

Assim como os distúrbios do sono também podem favorecer quadros demenciais na terceira idade quando não tratados.

Nossa memória e nossa capacidade cognitiva dependem do sono profundo, de qualidade.

Doenças que causam dor crônica, como a artrose, podem provocar depressão?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Doenças que causam dor crônica tem relação com o quadro de depressão.

A dor provoca alteração dos nossos neurotransmissores.

Difícil para alguém com dor frequente ficar feliz, então são pacientes com maior facilidade para evolução de quadros depressivos, ansiosos e distúrbios psiquiátricos.

Não só a artrose pode levar a esse resultado, mas outras doenças que causam dor constante como artrite, fibromialgia e neuropatia.

O geriatra trata depressão em idoso?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - Geriatria e geriatra tentam, de uma maneira geral, organizar os cuidados com a saúde do idoso, adequá-la e tratá-la.

Desse modo, as doenças que aparecem na terceira idade são tratadas pelo geriatra.

Sempre que tivermos um quadro muito específico, que demande cuidado com especialista, vamos trabalhar em conjunto.

Fazemos o diagnóstico inicial, começamos o tratamento para depressão e, em casos de necessidade, buscamos o acompanhamento com psiquiatra.

As especialidades e a geriatria devem andar de mãos dadas para alcançar o melhor resultado para o paciente.

Como é feito o tratamento para depressão e ansiedade?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - O tratamento de doenças emocionais é totalmente individualizado, não tem uma receita de bolo.

Não dá pra garantir que o antidepressivo “x” vai funcionar e o ansiolítico “x” vai funcionar para o seu quadro de ansiedade.

Tem pacientes que respondem muito bem à uma classe terapêutica e pacientes que respondem muito mal.

Há pacientes com maior e menor poder aquisitivo, isso também deve ser levado em conta para garantir a continuidade do tratamento e não gerar mais ansiedade ainda.
Além de medicação temos que melhorar o ambiente de convívio, oferecer terapias ocupacionais, atividades fora de casa relacionadas a hobbies e a avaliação do psiquiatra, quando for preciso.

O canabidiol é um recurso eficiente para tratar problemas emocionais?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - O uso de canabidiol vem crescendo pelos seus resultados com dor e ansiedade.

Há estudos para aplicação em caso de quadros de demência.

Mas é uma avaliação que deve ser feita caso a caso.

Eu tive pacientes que usaram o canabidiol com bons resultados e outros que não responderam ao tratamento.

Não é uma medicação barata, não podemos esquecer dos tratamentos convencionais só porque temos novidades no mercado.

Como a família pode ajudar a pessoa com depressão?

Dra. Roberta Gobeti Delgado - O principal é não menosprezar os sintomas do doente, não achar que é frescura, que é só um meio de chamar atenção.

Não é isso, se trata de uma doença.

É a mesma coisa que a gente falar que um diabético está fingindo hiperglicemia.

Considerar e reconhecer a doença já é um bom começo.

Que hábitos podem nos afastar da ansiedade e da depressão?
Dra. Roberta Gobeti Delgado
- Por mais que soe contraditório no mundo em que nós vivemos, cada vez mais virtual, o convívio social é muito importante para nos afastar da depressão.

Não devemos restringir nossos relacionamentos às redes sociais, é bom evitar a reclusão.

Atividades ao ar livre, mesmo uma simples caminhada, liberam endorfinas e geram sensação de bem-estar.

Roberta Gobeti Delgado é médica formada pela Universidade Federal da Grande Dourados (MS).

Passou por especialização em Clínica Médica no Hospital do Coração em Londrina (PR).

Especializou-se em Geriatria na Fanema (Faculdade de Medicina de Marília) (SP).

Faz parte da Equipe de Cuidados Paliativos do Hospital da Zona Sul e atende na QualiMedi Saúde, em Londrina, no Paraná.

Não deixe de consultar o geriatra.









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