Alzheimer: como a doença evolui?

Alzheimer: como a doença evolui?

10 de março de 2022

O Alzheimer tem três estágios, saiba o que esperar de cada um deles.

Um diagnóstico de Alzheimer impacta não só o paciente, mas toda a família.

A doença degenerativa do cérebro ainda não tem cura.

É preciso aprender a lidar com a progressão dos sintomas.
Entender quais são os sintomas que se manifestam em cada fase do Alzheimer é de grande ajuda para planejar e oferecer a melhor condição ao portador da doença.
Conhecer os sinais também contribui para o diagnóstico precoce que aumenta a expectativa de vida e o bem-estar do paciente..
O Alzheimer geralmente surge após os 60 anos, com o envelhecimento da população, saber enfrentar a doença é uma questão prioritária.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, aproximadamente 1,2 milhão pessoas sofrem algum tipo de demência.

A estimativa é de que 100 mil novos casos sejam diagnosticados a cada ano.

Entrevista: Flávio Henrique Bobroff da Rocha, neurologista.

Quais são as fases do Alzheimer?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Basicamente dividimos a evolução do Alzheimer em três estágios: leve, moderado e grave.
No estágio inicial a pessoa mantém a sua autonomia.

Memória e visão espacial ainda estão preservadas.

É possível dirigir, trabalhar e participar normalmente de atividades sociais.

Mas já ocorrem os lapsos de memória, principalmente para fatos recentes.
Acontece de a pessoa esquecer de dar um recado, não lembrar de onde guardou um objeto que costuma deixar num mesmo local esquece.
No trabalho começa a ter alguma dificuldade para fazer todas as atividades pelas quais é responsável.

Lidar com dinheiro, banco, cartão, senhas fica mais difícil.
A fase leve dura em torno de 4 anos, em média.
Passamos ao estágio seguinte, a fase moderada, quando a alteração de memória fica mais evidente e surgem alguns sintomas novos.

A relação com o trabalho se complica, a pessoa não reconhece alguns parentes, se atrapalha para pagar a conta.
Um sintoma muito comum também nesta fase são as alterações de comportamento.

Começa a se perder na rua e até no ambiente de sua própria casa.
São sintomas que não vêm ao mesmo tempo, surgem gradativamente, pioram ao longo dos anos.

Mais rápido em uns do que em outros.
Até que, por fim, chegamos à fase avançada do Alzheimer, em que o quadro demencial já é bem mais severo.

O paciente já não consegue mais se comunicar bem.

Há prejuízo na fala, a construção das frases é confusa.

A capacidade motora e a deglutição também são muito afetadas.

Muitos pacientes não saem mais da cama e são alimentados por sonda.

Esta é a fase terminal, quando a pessoa não reconhece nem seus entes mais próximos, como os filhos e o cônjuge.

O que acontece no cérebro do portador de Alzheimer?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Basicamente o que ocorre é o acúmulo da proteína beta amiloide no cérebro. Ela se acumula e o organismo simplesmente não consegue eliminar.

É como se fosse acumulando o lixo na calçada e não passa o lixeiro para tirar.

Isso se reflete nas fases da doença.

Quando há um acúmulo discreto da proteína os sintomas são leves.

Conforme a quantidade aumenta, o impacto é maior porque provoca a morte de neurônios e atrofia progressiva do cérebro.

Por que a doença progride mais rapidamente em uns do que em outros?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - O tempo de evolução do Alzheimer varia muito, mas em média é de 8 a 10 anos.
Infelizmente para alguns pacientes a evolução é mais rápida e a fase avançada chega em menos de 8 anos.

Por outro lado, temos pessoas que sobrevivem 15 e até 20 anos com Alzheimer.
A variação no modo de progressão da doença está associada a vários fatores.

A genética é um deles, apesar do fator hereditário ser responsável por apenas 10% do total de casos.

Quando há outros casos na família, de parentes de primeiro grau, a doença pode se manifestar antes mesmo dos 60 anos, quando o mais comum é depois dos 65.
Não é uma regra, mas o fator hereditário também que leva a uma progressão mais rápida.
Outro fator de agravamento do Alzheimer são as doenças cardiovasculares.

Tudo aquilo que leva ao acúmulo de gordura nas artérias, ao risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Podemos destacar alimentação errada, obesidade, diabetes e hipertensão como causas associadas.

Assim como fumar e abusar de bebida alcoólica.

Tudo isso leva também a um aceleramento da progressão da doença.
Não quer dizer que se você tem hipertensão ou diabetes vai ter Alzheimer.

Mas a pessoa que tem Alzheimer e não controla o diabetes tem mais chance de piorar rapidamente.
Além disso, o modo como o portador de Alzheimer é cuidado pela família também impacta na longevidade dele. Quanto melhores as condições de tratamento e acolhimento, maior a chance de viver mais.

Como a família deve cuidar de alguém com Alzheimer a cada fase?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - A doença é dinâmica apesar da progressão lenta.

É bom que a pessoa tem alguém de confiança para ajudá-la conforme as necessidades vão se apresentando.

Conferir se está tudo certo com as contas, por exemplo.
Com o passar do tempo, ao final da fase leve, certamente esta pessoa não será mais independente, terá que ser cuidada.
Não vai conseguir mais dar conta da organização da vida financeira, da casa.

É A higiene pessoal começa a ficar prejudicada.

Então, normalmente, na fase moderada, ele já começa a ter dificuldade para a higiene íntima, o banho, o se vestir.
E a tendência é ir piorando, acabar precisando de auxílio até para se alimentar.

É possível diagnosticar Alzheimer na fase inicial?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - O ideal seria sempre fazer o diagnóstico numa fase bem inicial.

Mas é realmente difícil que isso ocorra.

Precisamos acompanhar o paciente por algum tempo porque no primeiro estágio só a memória é acometida.

Muitas vezes pode confundir com outras doenças como depressão, distúrbio de tireoide e deficiência de vitamina B12.
Já na fase moderada ou avançada a doença já dá sinais evidentes.
Não existe ainda um teste, um exame específico que você faz e pode afirmar, olha, deu Alzheimer .

Não é igual diabetes que você colhe o exame de sangue, mede a glicemia e ali está claro se é diabetes, pré-diabetes ou está normal.
Para diagnosticar o Alzheimer dependemos muito do exame físico e de teste de memória.

Exames de tomografia, ressonância magnética e de sangue são realizados na tentativa de descartar outras doenças, em nenhum deles vai estar escrito se a pessoa tem Alzheimer.
Em uma fase muito inicial, a ressonância pode ser normal, igual de um idoso que não tem Alzheimer.
Alguns marcadores que poderiam confirmar o diagnóstico está sendo estudados, mas ainda não temos nada concreto que nos sirva como orientação segura.

Uma pessoa na fase avançada do Alzheimer precisa de internação hospitalar?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Na verdade, não precisa não.

A internação hospitalar de um doente com Alzheimer avançado acontece por outros motivos como pneumonia, infecção de urina grave e outras complicações.
O portador de Alzheimer pode ficar em casa com o cuidador ou numa casa de repouso.

É uma situação complicada porque custa caro você ter um cuidador.

Muitas vezes a família acaba tendo que se revezar.

É uma doença que impacta muito a família toda.
Chega a um ponto em que começam as manifestações psiquiátricas, a pessoa pode ficar agressiva, não dormir à noite, acordar gritando, chamar a toda hora.
Manejamos com medicamento essas alterações psiquiátricas, mas nem sempre conseguimos controlar totalmente.
A família sofre muito e tem que encontrar a melhor maneira de lidar com a situação dentro das possibilidades que possui.

Cuidar em casa ou optar por uma instituição especializada é uma decisão que depende não só da vontade, mas da condição financeira.

Como o senhor avalia o andamento das pesquisas mais recentes?

Dr. Flávio Henrique Bobroff da Rocha - Ainda não existe cura.

Os medicamentos fornecidos pelo SUS são os mesmos nos últimos 15 anos.

São medicamentos seguros, mas não curam, mas retardam a progressão da doença.

Desaceleram o declínio cognitivo, mantém um certo grau de memória e ajudam a viver mais.

Por enquanto é o que podemos oferecer, por isso o quanto antes começar o tratamento, melhor.


Flávio Henrique Bobroff da Rocha é médico formado pela Universidade Estadual de Londrina, em 2000.

Especialista em Clínica Médica e Neurologia também pela UEL.

Atua no Paraná, nas redes de saúde pública e privada.

Integra a equipe da QualiMedi Saúde em Londrina onde atende adolescentes e adultos.

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